sexta-feira, 24 de julho de 2009

Diário de Bordo (21) - O que ficou de uma aventura (além de fotos).


Eu!
Deixo a Europa com a sensação de dever cumprido. Com a sensação de realização. Saio mais forte, mais fortalecido pro dia-a-dia da vida no Brasil. Chego com mais força para realizar o que quer que seja. Sejam projetos pessoais ou profissionais.

Vivi um fotógrafo em cenários reais. Vivi um jovem aventureiro em países desconhecidos – e sobrevivi a todos os imprevistos. (Eu acredito em Deus!)

Vi e conheci gente de vários lugares do mundo. Tive amigo de infância, primo, tio, tia, avó nem que tenha sido por instantes, segundos. Vivi experiências que me fizeram crescer e que vão preencher várias páginas da minha história.

Aprendi que um sorriso é traduzido instantaneamente pra qualquer idioma. Aprendi que apesar das diferenças sócio-culturais somos realmente todos iguais. Buscamos por um bom trabalho, por uma boa família, por uma boa viagem, por amizades verdadeiras, qualquer motivo que seja para chegar à felicidade.

Aprendi, acima de tudo, que o futuro, se a gente quiser de verdade... pode ser hoje!

Epitáfio – Titãs (Adaptado)
Adaptação: Eu mesmo!

Amei mais (a vida)
Chorei mais (ouvido Viva La vida deitado num gramado totalmente verde e vendo um céu totalmente azul)
Vi o sol nascer (e nascia cedo, muito cedo)
Arisquei mais (Caindo em países totalmente desconhecidos, apenas com um mapa!)
Errei mais (lendo mapa errado e pegando ruas opostas à direção)
Eu fiz o que queria fazer... (Saí de mochila, com minha máquina pelos dois países mais interessantes da Europa)

Aceitei
As pessoas como elas são (Cada um com sua cultura, com seu estilo, com sua visão da vida. Quem sou eu pra dizer o que é certo ou errado?)
Cada um sabe alegria (eu bem sei)
E a dor que traz no coração... (aí eu já não sei)

O acaso vai me proteger (e me protegeu e muito!)
Enquanto eu andar distraído (Não só distraído, mas deslubrado com tudo que via)
O acaso vai me proteger (e me protegeu ainda mais!)
Enquanto eu andar... (e eu andei bastante! Se meu tênis falasse...)

Compliquei menos (Sem inglês fluente, se complicasse mais ficaria parado!)
Trabalhei menos (eu estava de férias ora pois!)
Vi o sol se pôr (e se pôs muito tarde, mas foi fantástico!)
Me importei menos
Com problemas pequenos (Nem com os grandes me importei, imagina com os pequenos?)
Só ainda não morri de amor... (E nem vou morrer. Para amar é necessário está bem vivo!)

Aceitei
A vida como ela é ( e de férias é ainda mais fácil de aceitar.)
A cada um cabe alegrias (cabe mesmo)
E a tristeza que vier... (vem e a gente arruma outra coisa pra ela não se instalar!)

O acaso vai me proteger (muito, ainda mais e mais.)
Enquanto eu andar distraído (Eu ficava bem atento em certas horas!)
O acaso vai me proteger (Não foi o acaso, foi Deus mesmo!)
Enquanto eu andar...(2x)

Diário de Bordo (20) - Aventura até na volta pra casa.

Chego à estação. Pego o metrô para o aeroporto de Heathrow. E quando parecia que as aventuras tinham tido um fim, o metrô quebra. “O que foi isso?”, pensei. Vejo todos os passageiros saindo de mala em direção à saída. Não sabia para aonde eles estavam indo. Segui. “Devem estar indo ao aeroporto”, pensei. Afinal, todos estavam com malas de viagem.

Na dúvida resolvi perguntar “Para aonde estamos indo?”, uma senhora informa que todos estão em busca de um ônibus para ir ao aeroporto. Nem ela, nem ninguém sabia qual seria o ônibus necessário. Em seguida recebemos um papel com o nome de todos os ônibus. Pegamos um. Não parou por aí. Foram três ao final.

A cada parada, incertezas. “Será que estamos indo em direção ao caminho certo?”, é levantada a questão. Dentre uma parada e outra surgem moradores locais que nos orientam nessa caminhada rumo a Heathrow. E o tempo passa. A hora do check-in chega e nada do aeroporto surgir.

Entre um ônibus e outro, caminhada. Sigo eu minhas três malas. À frente a senhora que me adotou como neto por aqueles minutos. Estavam ela e o marido, ambos dos Estados Unidos. Repetidas vezes a vi conferindo se eu ainda estava lá trás. Eu tinha uma única orientação: o papel que estava com ela.

Chegamos ao aeroporto. Falta pouco tempo para o check-in finalizar. Agradeço a minha “vó do busão” e corro como um atleta de 100 metros rasos. A respiração fica ofegante, começo a suar. Corro as esteiras rolantes pedindo licença, desculpa e às vezes nem era necessário, o barulho do carrinho de bagagem já falava o quanto de pressa vinha alguém atrás.

Chego ao terminal 1 conforme estava escrito na minha passagem. Peço informação. “- Onde é o balcão da TAP?” "-Terminal 2", responde um funcionário do aeroporto. “-Sério?”, pergunto novamente. “-Pelo menos é o que está aqui no papel”, responde o funcionário. Eu havia descido do ônibus no terminal 2, teria sido em vão todo meu esforço?

Chego no terminal 2 mais ofegante que nunca. Suado, cansado de tanto trocar as malas de carrinho em carrinho, de subir escada rolante, de correr na esteira rolante. Faço a mesma pergunta a outro recepcionista. “Onde é o balcção da TAP?”. “-Senhor, é no terminal 1”, responde a recepcionista. “O que? Meu Deus eu não acredito! Você ta falando sério? Vim de lá agora. Ajude-me! Vou perder meu vôo!”, falei num tom de desespero e mais ofegante que nunca!

Depois de receber todas as coordenadas dessa recepcionista e receber um “-Boa sorte!” segui rumo ao terminal 1. Era tudo ou nada. Corri. Desta vez não como um atleta de 100, mas de 50 metros rasos. Era minha última chance de não perder o vôo.

Chego ao terminal 1. Vejo que uma gama de opções são oferecidas. Descubro que o número dois que me foi mostrado da primeira vez não era do terminal e sim do andar. Não tenho tempo de consertar quem me deu a informação errada. É hora de correr ainda mais e achar o balcão naquele mundo de lugar!

Acho o balcão da TAP. Furo fila pra não perder meu vôo. Chego na “lâmina” do tempo. Já não via mais o relógio. A angústia iria aumentar e eu precisava de energia pra chegar em tempo. Precisava de disposição.

Consigo! Entro no avião!

A visão da janela. O sol indo embora e eu também.
Chego em Portugal. Por que eles são tão mal humorados? “- Moça, conexão para o Brasil, aonde vou?”, pergunto. “- O Brasil é muito grande!”, responde. Era difícil trocar por “- Para qual estado você vai?”. Eu não faço ponte aérea Brasil-Portugal diariamente para saber que saem vários vôos para o Brasil a partir de um único avião, como esse que veio de Londres.

Passo no Free shopping. Vejo uma mulher parada. Tenho dúvidas. “-Você trabalha aqui?”, perguntei. “- É o que parece”, respondeu a moça. “- Desculpa, eu iria pedir ajuda, mas desisti agora”, falei. “-Eu estava a brincar”, falou a moça num tom nada amigável. “- Eu procuro o que eu quero só, obrigado”.

Seria TPM nesses dois casos ou seria o jeito português de ser? É uma dúvida que tirarei apenas quando visitar esse país. Da lista, agora, é o último.

Chego ao Brasil. Fim da Viagem. Hora de me readaptar a realidade local e viver as aventuras locais. O que não dá, obviamente, para escrevê-las. Trabalho, estudo, esporte, amigos, família... uma infinidade de coisas que fazem a gente ser o que é, e talvez por isso são difíceis de descrever. Agora só em outras férias. Quando? Pra onde? Ainda é uma incógnita!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Diário de Bordo (19) - Viagem chegando ao final...

No interior do Hampton Court Palace 
Hoje é meu último dia em Londres. Amanhã tenho que sair cedo e pegar o vôo. Lugares sempre existirão pra ir. Sabia que sempre ficaria algum lugar importante pra visitar. Como despedida escolhi o Hampton Court Palace. O acesso a esse palácio só se dava através de barco ou ônibus. E, como todo brasileiro em fim de férias, escolhi o ônibus.

Em frente ao Hampton
O castelo escolhido é um dos mais antigos de Londres. Ele surgiu de uma residência campestre construída pelo cardeal Thomas Wolsey. Anos depois, para ficar bem na fita com o rei da época, Henrique, ele ofereceu a este rei sua nova casa. Henrique fez umas reformas elevando a casa ao "título" de palácio real.

O castelo realmente é fantástico. Os jardins, a estrutura... faz você voltar no tempo. Ao lado passa um rio de cartão postal. E por falar em cartão postal, fui fazer os meus!


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Senhoras contemplando as margens do Rio próximo ao castelo
Vejo aquele gramado completamente verde. Deito. Ligo meu mp3. Escuto Cold Play e me dou conta do fim da viagem. Volto ao momento que tudo era idéia e chego até o momento da concretização. Estava eu, de corpo estendido no chão, olhando por céu... “Eu conheci Londres! Eu conheci Londres!”

Neste momento todo gramado era meu. Todo o céu era meu. Não estava preocupado com hora, com telefone tocando, com o que comer, beber, eu havia feito a viagem que sempre quis!

É chegada a hora de arrumar às malas.

Diário de Bordo (18) - História em cada rua.

Peças do British Museum
O dia de voltar ao Brasil está chegando. Não estou angustiado porque voltarei. A sensação de sonho realizado se sobrepõe a qualquer sentimento ruim. Afinal tinha descoberto a Londres que só via em livros.

A viagem continua e a primeira parada é no British Museum. Trata-se do maior museu da Grã-Bretanha. As obras expostas são resultados de mais de 200 anos de coleta, escavação e saque (falemos a verdade). O museu é gigante, então, mais uma vez, é necessário escolher o que visitar. Há muitos locais pra conhecer e tenho pouco tempo na cidade.

Depois de passar pela fachada com colunas inspirada na arquitetura grega, sigo rumo a galeria que fala da Pedra da Roseta. Essa pedra foi essencial para solucionar muitos quebra-cabeças do antigo Egito. Nesse museu há uma sala reservada para contar sua história. Da pedra parti para as esculturas reais da antiga civilização egípcia, passando por múmias, sarcófagos, murais entre tantas outras coisas.


Em frente ao British Museum

Por minutos ficava observando os objetos e imaginando a tecnologia usada pra montar tudo aquilo. Seja em como se mumificar um ser (inclusive animais que eram usados para rituais de sacrifício) até fazer aquelas gigantes esculturas de pedra.

Eu não havia visitado a torre de Londres ainda. É um ponto histórico que precisava fazer parte do roteiro. A torre de Londres simboliza quase mil anos da história real da Grã Bretanha. Lá estão as jóias da Coroa e o maior diamante do mundo. Logo em seguida vem a Tower Bridge. Essa passarela fica a 43 m acima do Tamisa e diariamente, até mesmo várias vezes ao dia, a pista por onde passa carros é “guinchada” para que os navios consigam passar por lá.


Tower Bridge

A caminhada tinha que continuar. Passo por locais já mais visitados (por mim) e consigo fotos muito boas. As ruas próximas à torre e em direção ao Museu do Design tem um mix de cenografia e realidade. São pubs e cafés bem "Londres" em ruas pouco movimentadas. (Talvez tenha sido por causa da chuva!)

Volto com máquina lotada de fotos. Por hoje, dever cumprido. Sigo minha caminhada à estação de Tower Hill.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Diário de Bordo (17) – Para esquentar do frio, balada em Londres.

Vou pra balada apenas com a estação que irei descer. O frio estava grande, mas o dispositivo que liberou o analgésico natural na França, desta vez liberou calor. Era domingo. “Não haveria outro dia pra ir, então teria que ser hoje”, pensei.

Peguei o último metrô saindo de casa. Só teria condições de voltar a partir das 5:30 quando ele voltaria a funcionar. Não importava se a balada estivesse boa ou ruim, esse seria o horário possível de retorno.

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Meninas fotografando em Londres
Não levei máquina, não levei mapa, apenas dinheiro, passaporte e um papel com o nome da rua. Me perdi. Estava eu, na noite, no frio sem ninguém para dar informações. Era meia noite quando parei em um supermercado e pedi ajuda aos açougueiros que preparavam os produtos pra manhã seguinte. Esquerda, direita... chego à balada. Não vejo fila. Vejo apenas três pessoas entrando a caráter (estilo Londres de se ir à uma balada!). (risos)

Apenas uma parte da grande casa estava aberta. Eram três Dj’s que iriam se reservar durante as seis horas que estavam por vir. Sei que um era de Portugal, os outros não lembro a nacionalidade... meu negócio é MPB, mas eu estava disposto a escutar o tux, tux, tux de Londres.

Entro e peço uma cerveja. Quanto? Vinte reais (minha cabeça convertia instantaneamente). Seria minha única bebida naquela noite. E eu nem gosto de cerveja. Também não procurei o preço do wiski, senão tomaria água nesta noite.

Segui com a mesma tática pra conhecer gente. “I’m from Brazil and you? (Eu sou do Brasil e você?)”. Todo mundo gosta do Brasil, pena que só conheçam Rio e São Paulo. E eu sempre apresentava um lugar ainda melhor... Pernambuco! Eis que conheço uma italiana. Brasil X Itália, em final de copa do mundo. Desta vez ganharam os dois! 

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O centro de Londres


Volto pra casa sem muita pressa. Não consigo dormir mais que três horas. Volto para o centro de Londres. As férias estão chegando ao fim!

Vou às Lojas. Compro algumas coisas que lembre Londres. Camisa do Manchester, chaveiro em formato de “orelhão” londrino, miniatura do ônibus de dois andares. Saio das compras e volto à cultura. Mas já era tarde. A maioria dos museus fecham às 17:30 h. Agora, só amanhã!

Diário de Bordo (16) - Volto a viver Londres com força total!

Caminhos da viagem
Volto a viver Londres. A cidade realmente não se deixa esquecer. Há locais pra conhecer. Por mais que seja possível viver como turista nessa cidade por um longo tempo, dificilmente daria pra ver tudo. É história em cada esquina, em cada construção, em cada museu. Voltarei um cara mais “emuseuzado”. Rodei o mundo nunca única cidade. Fui do Egito à Grécia, da Mesopotâmia ao Peru. Passei por guerras, castelos, caminhos cheios de histórias e culturas.



O dia começou no Science Museum. Pude conhecer as maiores invenções da humanidade e conquistas científicas, técnicas e de engenharia. São mais de 300 mil peças, mas obviamente não fui ver tudo. Comecei pelo fim. Entrei numa loja repleta de engenhocas do dia-a-dia. De comida pra astronauta ao cubo mágico. Eram várias opções de coisas simples, mas que fizeram parte de estudos científicos e agora faziam parte do cotidiano. (No metrô, vi uma mulher com um pacote de comida para astronauta. Realmente tem gente que compra aquilo).
O museu é gigantesco e um layout bastante moderno. Senti-me numa revista em quadrinhos.

Passei por naves espaciais, motores, a evolução da telecomunicação, iluminação, navios, fotografia (obviamente) e computação. Muito interessante ver a evolução de um computador. De grandes máquinas que ocupavam toda uma sala à um aparelho que cabe na palma mão. No espaço tinha muita criança. Por todo o Museu há aparelhos que se pode interagir dependendo do assunto que se está visitando. Então foi muito pai e muita mãe ajudando o filho a montar um circuito elétrico, a se ver através das lentes ópticas, a jogar vídeo game só com o movimento do corpo.

Natural History Museum

Depois de ver a ciência de forma nada traumática, parti para o Natural History Museum. Saí da tecnologia pro tempo dos dinossauros, da idade da pedra.

Já na entrada há um esqueleto de um dinossauro que ocupa todo o hall principal. As salas são repletas de instrumentos que foram utilizados por Adão e Eva e os Flintstones há anos luz de hoje. As salas mais procuradas são as que contam a história dos dinossauros. Tudo é muito bem planejado, a tecnologia é usada de forma adequada. É tanto que dá a impressão de serem animais reais.

Vejo o relógio. Hora de voltar pra casa. Ficou combinado um churrasco “Made in Brazil”.

Churrasco com os afitriões
O churrasco trouxe lembranças do Brasil, não fosse a churrasqueira descartável que nunca havia visto – usou jogou fora (e ja vem com o carvão) e a farinha temperada que não se encontra em supermercado nenhum daqui. Mas foi feito um “bem bolado” com a massa de cuscuz que nada se parece com aquele de milho do Brasil. Fora isso estava bem brasileiro – uma “gostosura”.

“Hoje é o último dia pra curtir uma balada em Londres”, pensei.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Diário de Bordo (15) - Cansado, mas feliz.

A viagem pra França foi exaustiva, mas muito prazerosa. No fim da jornada estava me sentindo um zumbi. Um zumbi feliz da vida e em plena satisfação por ter visitado aquela cidade que só via em livros de história, em programas de televisão. Por várias vezes os pés latejaram, mas a busca por ver Paris era um analgésico natural que me fez por várias vezes esquecer a dor. Não só isso, sono também... Era difícil eu ter sono. Não só pelo fuso, mas por que o dia ficava claro até às 22 horas. E outra... eu estava na França e as horas deveriam e foram aproveitadas segundo a segundo.

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Um senhor contemplando o prédio do parlamento...

Mas o santo é de barro. Chego em Londres quebrado de quilômetros percorridos, pouquíssimas horas de sono – afinal hostel não é local pra se ter um sono contínuo. Vez ou outra a luz era acessa, vez ou outra eu acordava pra ver se minha mala estava no lugar. Dividir quarto com 10 pessoas que você não conhece não é tarefa fácil.

O dia seguinte em Londres serviu pra ler meus e-mails e fazer contato com os amigos e família no Brasil (o que não consegui fazer em Paris) além de dormir... e muito!

Volto da França conhecendo algumas particularidades do local. Volto conhecendo a história da famosa Torre Eiffel; O Louvre; O Palácio de Versalhes; O Rio Sena... além, é claro, de algumas palavras básicas como bom dia (bonjour), boa noite (bonsoir), com licença (excusez-moi), por nada (de rien ) e saída (sortie) - o que eu vi muito no metrô (que se pronuncia métro).

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Japonesas em turismo pela França

A França é uma taça de vinho a mais do que as pessoas falam (ou quem sabe uma garrafa de vinho inteira!). Só vindo pra conhecer. Seja na arquitetura com ruas estreitas e prédios altos. Seja na sofisticação dos cafés. Sejam nos jardins bem cuidados e noite iluminada.

Agora tenho a França nas fotos e na minha história!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Diário de Bordo (14) – Quase não consigo voltar para Londres.

Entrada do Louvre
Oba! Hoje foi dia de café da manhã no hostel. Pão francês, o autêntico, com manteiga e suco de laranja. Que maravilha! Hoje começo o dia de mala nas costas. Meu ônibus está marcado pras 23 horas. O que fazer durante todo dia com essa carga?


Ontem passei rápido pelo museu do Louvre, foi apenas a parte externa. Fiz algumas fotos, lembrei do filme O código Da Vinci e vi os turistas deslumbrados com aquelas pirâmides de vidro. Decidi, ali mesmo, entrar no museu no dia seguinte. Foi o que fiz.

Compro meu ingresso. Sou revistado. Subo em direção a entrada propriamente dita. “-Não pode entrar de bolsa”, escuto. “-Sim... e o que faço?”, peguntei.”-Ali tem um porta malas, deixe sua mala lá e em seguida está liberado para entrar”, respondeu a recepcionista. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Não tinha um hostel para acomodar minha mala, mas tinha o Louvre.

Diante do Louvre por onde começar? A Monalisa. Não só eu, mas todos os turistas estavam indo em direção ao famoso quadro. Aliviei o passo. A Monalisa não deveria sair do museu nos próximos 100 anos. Escuto uma voz em português falando... era uma excursão do Brasil. Foi muita sorte. Aula de arte na minha língua.

Dentro do Louvre
Segui o grupo como um hospedeiro. Quando seguiam para direita, eu seguia também. Quando seguiam para esquerda, seguia junto... quando paravam, eu ficava parado olhando o teto mas com o ouvido naquele pequeno grupo, atento a cada história, a cada subjetividade das obras. Oportunidade única!

Tudo sairia perfeito se próximo ao final, minha garrafa de água, com 500 ml, de acrílico, caí e quebra no local mais movimentado do Louvre. Todos olham. “Não acredito!” (risos). Não tinha o que fazer a não ser ver a água se espalhando em cada pisada dos visitantes.

O grupo vai embora. O Louvre tinha muito mais para se descobrir. Só viajando sozinho para ter todo esse tempo, sem estresse, sem demora. Sigo caminho, afinal minha mala está bem guardada e eu tenho até as 23 horas pra pegar meu ônibus de volta pra Londres.

Sigo para a rodoviária. Eram 19 horas. Eu ainda tinha 4 horas em Paris, mas sem energia pra ir a lugar algum.

E pra passar o tempo surge um Venezuelano, que mora na França, fala Português e estava indo encontrar a namorada em Londres. Aí o tempo passou rápido. Ele não só sabia cantar o “Bonde do Tigrão”, sem nunca ter ido ao Brasil, como sabia todos os xingamentos em português. Rimos muito! Até aprendi uns em inglês. (risos).


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Típica garota francesa esperando o tempo passar...

O ônibus desse meu mais novo amigo sairia às 21, o meu às 23. “- Passar todo esse tempo sem nada pra fazer ?", falei. Eis que surge a idéia de tentar uma transferência de passagem também para às 21. A desculpa foi porque que iríamos encontrar nossa família em Londres! (risos). Desculpa aceita, partimos no mesmo ônibus.

É chegada a hora de descer para imigração. Não sabia o endereço que estava em Londres, não tinha levado minha passagem de volta pro Brasil, estava com pouco dinheiro. E agora? "Não conseguirei passar para Londres?", foi o que pensei. Vejo um jovem com passaporte brasileiro. “- Me ajuda aqui”, falei. “-Não sei o endereço da casa que ficarei em Londres, o que faço?”, perguntei. “- Usa o endereço desse hotel”, ele me deu o endereço do hotel que ele ira ficar. “-Mas se pedirem a reserva do hotel para comprovar?”, perguntei nervoso.”-Eu também não tenho a reserva”, ele respondeu. “-Então se ficar, fica nós dois aqui!”, completei! (risos)

Foi mais difícil que passar pela imigração da ida direto pra Londres. Depois de várias perguntas sobre minha vida, o que eu vou fazer em Londres, o que faço no Brasil ele carimbou meu passaporte. Por pouco, muito pouco não entro em Londres novamente.

Sigo na cansativa viagem. Chego num dia frio em Londres.

sábado, 18 de julho de 2009

Diário de Bordo (13) - Um mundo de palácio.

Entrada do palácio
Acordo pela manhã com o administrador do hostel falando:”- Já são 9 horas, hora de fazer o check out”. Ainda bem que estava finalizando minha mala, mas ainda precisava comer alguma coisa pra agüentar o dia de andanças pela capital francesa. Como meu cereal, tomo meu suco de caixa. Sigo meu rumo. Rumo ao próximo hostel. Precisava deixar a mala em algum lugar e mergulhar novamente em Paris.

Depois de várias estações. Linha verde, amarela, laranja... de tudo quando é cor, acho meu hostel. Na entrada um bar bem estilizado, por trás um hostel bem aconchegante. Melhor do que os outros por onde havia passado. Quem era o recepcionista do horário? Bingo... um brasileiro. Isso facilitou um bocado minha vida, enfim falava um pouco de português. Como nos outros, neste também não havia espaço particular para guardar mala. Usei da mesma confiança que das vezes anterior e caí em campo.

E sempre a difícil pergunta do dia... Para aonde vou hoje?

Sempre me falaram do Palácio de Versalhes. Sempre ouvi na televisão principalmente durante a copa do mundo na França. Sabia que era um pouco distante e o acesso seria através de um trem. Não tive dúvidas, o “passe” que eu comprei dava direito a transitar por toda a Paris, inclusive para Versalhes, peguei o trem e fui!

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Palácio de Versalhes

Durante a viagem de trem encontrei alguns outros brasileiros. Do meu lado sentou um baiano que visitava Paris pela terceira vez. Antes de começarmos a conversar, ele confessou que achava que eu fosse londrino. “Peraí... Londrino?”, falei. Logo veio o motivo... o livro com o qual estava tinha um adesivo gigante com o preço em libras. Aí deu pra entender! (risos)

Como brasileiro ajuda brasileiro, pelo menos nas vezes que precisei, com esse baiano não foi diferente. Depois de comentar da minha coragem de ir pra Europa sozinho e pela primeira vez, me deu todas as coordenas de Versalhes. Desde a posições geográfica e história ao gigante jardim e museu. Despedi-me e saí rumo ao destino: o gigantesco e fantástico Jardim de Versalhes.

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Criança contemplando o jardim de Versalhes

Um dia seria muito pouco pra conhecer todo o jardim. De cima eu conseguia ver a grandiosidade do local. Coisa de filme! Tudo limpo, jardim bem cuidado. Vejo os jardineiros e começo a conversar. Tudo era muito simétrico e como se conseguia isso? Eles me explicaram todo o funcionamento de corte daquelas árvores. Todas com um formato diferente de tudo que eu já vi. Eles levam, para podar cada uma, pelo menos 4 horas. Corte rente que faz parecer feita de espuma artificial. Cada árvore é podada 2 vezes por ano. Por isso não era a toa toda aquela beleza!

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Passeio de barquinho em Versalhes

Mais meia hora para chegar ao centro de Paris, de trem. Durmo durante a volta. Perco a parada. Quem está ao meu lado? Não... não é um brasileiro, é um japonês que me ajuda desta vez. Desço e sigo rumo a Catedral de Notre Dame.

O que mais me chamou a atenção em Notre Dame foi a naturalidade que uma missa é realizada durante a intensa entrada e saída de turistas, com suas máquinas e suas conversas. Tudo é projetado pro turismo, e a única coisa que se pede na igreja é uma doação. Saio de Notre Dame, volto ao hostel, tomo um banho. Versalhes tirou toda minha energia.

O que tem pro jantar? Comprei Lasanha de microondas. Quem me ajudou na cozinha? Um grupo de suíças. Ainda me queimo e riem de mim. Todo mundo estava cozinhando e eu, preparando da forma mais fácil possível, ainda me dei mal! Elas falavam um pouco de espanhol também. Quando eu esquecia alguma palavra em inglês, tentava um plano B!

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Palácio de Versalhes


Divido o quarto com um Japonês que me ajuda a carregar minha bateria com seu super-mega-master adaptador para qualquer tomada do mundo. Desço, afinal estou num bar. Encontro um coreano que também está jantando e começamos a debater as diferentes culturas. Eu não sabia, por exemplo, que na Coréia não se pergunta quantos anos você tem, mas o ano que você nasceu. Simples, mas achei interessante!

Cai uma chuva, todos entram. Eu precisava repor as energias. Amanhã seria o dia mais longo, já que sairia de mala nas costas e dormiria num ônibus em mais uma cansativa viagem.

Diário de Bordo (12) – O dia segue, vejo a noite de Paris.

O dia amanhece em Paris. Pego minha mala. Tomo meu café da manhã. Dois pães e um café. Não tinha direito a nada mais que isso. Café da manhã dado em ficha e tirado de uma máquina. Pão frio, café sem açúcar. Mas o que importa? Não estava lá pra comer! (risos)

Sacré-Coeur
Acho meu próximo albergue do outro lado da cidade. Acomodações bem melhores, gente mais hospitaleira. Deixo minha mala na mesma certeza de que quando eu voltar ela estará lá. E caio novamente em Paris! Aonde ir?

Meu roteiro definido pra hoje começa pelo Moulin Rouge, que em francês significa “Moinho Vermelho”. Trata-se de um famoso cabaret construído no final do século XIX. Já foi tema para um filme, de mesmo nome, estrelado por Nicole Kidman. Depois de lá passei por mais dois moinhos antigos e muito bonitos de Paris, sem contar as ruas por onde passei, quanta beleza. Entra rua, saí rua, chego na Sacré-Coeur.

A Basílica de Sacré-Coeur (Sagrado Coração) é uma igreja católica que está no ponto mais alto de Paris. Ela foi construída para que Alexandre Legentil pagasse uma promessa: a de que a França resistisse às investidas alemães. Pois bem, saindo de lá, após uma longa caminhada de descida, fotografia e afins, segui rumo ao Museu do Louvre.



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Músico em frente à Basílica


Eu precisava conhecer o Louvre, já que ele foi palco de um dos melhores livros que já li, O Código DaVinci. Vi no mapa a estação e segui para lá. Como não achei de primeira o local onde estavam as pirâmides de vidro, fiquei fotografando o Rio Sena. No percurso vi muitos fotógrafos clicando modelos, talvez fosse para algum catálogo, usando Paris como plano de fundo. Neste momento lembrei que estava na Capital da moda também, e que havia passado por uma rua cheia de lojas de marcas famosas. Mas, não estava lá para comprar...

Achei não só o Louvre, mas vários lugares bastante conhecidos de Paris. A cada esquina algo para clicar. Isso foi me guiando para as várias ruas que nem havia programado em passar. Em visitar monumentos que não imaginava que seriam interessantes conhecer. Estava inspirado. Precisava ver a Torre e o Arco durante a noite, foi isso que fiz.

Em frente ao Luvre.
Segui rumo ao hostel, ainda estava claro. Comprei minha comida. Esse não tinha café da manhã. Enquanto comia e descansava aproveitei para interagir com a turma. Conheci uma geógrafa dos Estados Unidos, um grupo de amigas da Áustria (que falavam inglês e arranhavam um espanhol) e um mexicano. Cada um com suas histórias, cada um com seus motivos de sair pelo mundo viajando. Eu viajei em cada conversa e fiz todo mundo rir com meu inglês "desengonçado"!

Eram dez horas da noite e ainda estava bastante claro, parti rumo a Torre e ao Arco. Finalmente fotografo Paris ao anoitecer.


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O Arco à noite




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A Torre à noite

Diário de Bordo (11) - Em um feriado, com um palco em baixo da torre Eiffel e mais de 1 milhão de pessoas como platéia.

A clássica...



Chego à Paris! A estação ainda está fechada. Não há com quem conseguir informações. Eis que surgem dois mochileiros. Ele, americano, ela, japonesa. Me junto aos dois em busca de informações. Encontramos um senhor, baixinho, de cabeça completamente branca que com sua generosidade nos explica como funciona o esquema de passagens e funcionamento do metrô. E, ainda bem, falava inglês.

O casal toma seu rumo, eu permaneço na estação com apenas o telefone do hostel onde iria ficar. Mas que estação seria diante das mais de cinqüenta que eu via no mapa?! Pergunto a um, a outro... “- Do you speak english? (Você fala inglês?)”. Ninguém! “-O que fazer?”, pensei. Mímica! Sempre me falaram que eu me dava bem em Imagem e Ação, então, fui testar! (risos). Resumo da opera, consegui todo o esquema pra chegar aonde precisava.

Chego ao hostel. Tudo era muito novo. Não sabia se era o melhor, se existia pior... após fazer meu check in pergunto se há algum compartimento para colocar minha mala. “-Não. Temos apenas um quarto onde você pode deixar sua mala”, respondeu a dona do local. Encontro um brasileiro e pergunto se não é perigoso deixar a mala naquele quarto. “- Nunca aconteceu nada, fique com seu passaporte em mãos e boa sorte”, respondeu o paulista. “-Seja o que Deus quiser”, concluí. “-Eu tô em Paris!”.

Companhias para esse dia de feriado na capital francesa
Dias antes fiquei sabendo que na minha chegada, em Paris, seria feriado. Eles estariam comemorando a queda da Bastilha... foi quando a Monarquia foi substituída pela República naquele país. Isso pra eles é similar ao sete de setembro no Brasil. Quem havia me falado foi um amigo do tempo de estágio que há 3 anos mora numa cidade próxima da capital francesa. Além disso, ele falou que uma grande turma de brasileiros e franceses iram se encontrar na estação Odeon às 11 da manhã. Foi o que fiz. Parti pra lá!

Próximo das onze não via meu amigo chegar. Há 10 metros encontro um grupo de 5 brasileiros que recentemente foram estudar e morar lá. “-Vocês estão esperando um brasileiro chamado Francisco?”, perguntei. “-Isso, Chico!”, responderam. Era o grupo que iria me acompanhar até a meia noite daquele dia.

Enquanto os shows não começavam, eu precisava melhorar
meu planejamento de uma semana em París
Com a chegada do meu amigo Chico e já familiarizado com meus mais novos amigos franco-brasileiros, seguimos por alguns pontos estratégicos de Paris. Todos, obviamente, sabiam falar Francês, menos eu. Senti-me um analfabeto! (risos). Até pra preparar o crepe, nosso almoço do dia, pedi pra eles colocarem os ingredientes que eles quisessem, porque eu não sabia nem falar “tomate” em francês.

Ficamos conversando até o show começar. Segundo a imprensa havia mais de um milhão de pessoas naquele momento. E a gente lá. Eu emitia um som durante o refrão das músicas, já que não estava entendendo nada! As atrações? Johnny Halliday e Christophe Maé. Johnny é tido como o Roberto Carlos francês. Vesti-se como Reginaldo Rossi e canta como Agnaldo Rayol. Já Christophe é tido como um jovem talento, esse com músicas mais modernas e parecido com cantores jovens que estamos acostumados a ver e escutar.  

Nesse dia não só defini quais pontos valeriam a pena visitar como aprendi a falar o básico do francês. Com os brasileiros, falava português, obviamente. Com os franceses, inglês. As coordenadas precisavam ser dadas naquele momento, amanhã já estaria só. Todos estariam trabalhando e/ou estudando.


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Festa na chegada à París. Mais de 1 milhão de pessoas festejavam a queda da bastilha...

Diário de Bordo (10) - Paris, a viagem.

Tive apenas dois dias para planejar uma viajem à Paris. Sem mapa, sem guia, sem falar Francês. Mas a proximidade com Londres impulsionou essa decisão e eu precisava aproveitar.

Depois da passagem comprada, hospedagens reservadas, eu sigo rumo a Oxford Street comprar um mapa de Paris. Qualquer que seja. Eu precisava saber qual estação eu iria parar lá, pelo menos. Na livraria que entrei haviam várias opções de guia. Acabei encontrando o que eu havia comprado no Brasil para Londres, só que desta vez eu estava em Londres e tive que comprar o guia para Paris todo em inglês.

Volto pra casa. Faço minha mala com o mínimo de coisas necessárias, afinal eu não sabia se precisaria rodar por Paris com mala nas costas a todo o momento. Imprimo minhas passagens, respiro fundo e vou rumo à estação Victória. Era lá que sairia meu ônibus rumo a Paris e eu precisava chegar cedo. Nunca havia feito uma viagem dessas e nada poderia dar errado.

Canal da Mancha

Na fila para o check in encontro um casal de brasileiros que também segue pra lá. Eles foram acompanhados por uma amiga inglesa que deu todos os toques. Aproveitei e perguntei se havia comida a bordo. “-Não”, respondeu ela. Segui rumo a primeira barraca pra comprar o que quer que seja. Seriam sete horas de viagem.

Antes da viagem comi um bolo de chocolate com uma Fanta acerola que nunca havia visto no Brasil. Devo ter escolhido por parecer com suco de acerola, mas era muito ruim! Tanto que na primeira hora da viagem tive uma grande e jamais vista dor de barriga. Antes de seguir ao banheiro me pergunto:”- Será que é necessário a gente comprar, além da comida, papel higiênico?”. Segurei o quanto pude pra não ter uma surpresa desagradável.

Fui em busca do alívio que precisava. Até em inglês eu falei com Deus. Achei que iria facilitar a comunicação e não ter problemas com tradução! (risos). Ufa! Havia papel. Mas e água? “-To indo pra França”, pensei, “preciso entrar no clima!”.

De repente o ônibus para. “O que é isso?”. Perguntei aos brasileiros, não sabiam, pergunto a francesa ao meu lado (que sabia inglês). Tínhamos que pegar nossa mala, sair do ônibus, pegar o navio por uma hora e meia e atravessar o canal da mancha e de lá seguir de ônibus.

Nunca havia entrado num navio. Aquele parecia Las Vegas. Lugares pra jogar, shoppings, restaurantes. Eu só precisava de um local pra cochilar. Era quase uma hora da manhã! Cada passageiro foi se acomodando, alguns pelo chão, outros pelas cadeiras e outros em sofás. Foi o que fiz.

Buzina toca! É hora de entrar no ônibus e seguir viagem. É hora também de tentar descansar, afinal precisaria de energia para as horas que se seguiam!

domingo, 12 de julho de 2009

Diário de Bordo (9) - Quem disse que inglês costuma fazer cara de poucos amigos?

Quem disser que inglês é frio, que faz cara de poucos amigos, precisa deixar de preconceito. É tudo mentira. Hoje tirei o dia pra viver um pouco a vida do local onde estou. Os bairros foram Kew Garden e Richmond e como não deixaria de fazer, interagi com as pessoas.

O carro "estiloso" que vi...
Pude observar a simpatia dos ingleses assim que saí de casa. Embora já esteja aqui há 6 dias meu tempo foi mais no centro e no centro dificilmente você ver um inglês nativo. Logo na saída de casa vi um carro antigo e bem estiloso e queria registrar esse momento. Um senhor, que devia ter uns 70 anos se ofereceu para fotografar. Acredito que ele goste de fotos, embora não tenha conversado, já que ele sabia manusear as lentes e o foco da minha máquina.

Segui meu caminho, parei numa loja, conversei com uma inglesa que havia conhecido na noite anterior. Quando estávamos conversando sobre o frevo (ela conhece o frevo), a cultura do meu Brasil, ela dançou no meio da loja (e bem) o nosso ritmo. E fez festa com isso! Como o inglês faz cara de poucos amigos? (Já marquei pra quando voltar de Paris ensina-la a dançar forró! (risos))

Andei por Richmond, conheci o belo bairro. Richmond é um bairro de elite aqui... está para Casa Forte, em Recife, e Morumbi, em São Paulo. Então imaginem o naipe do local. Fantástico!

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Grupo de dança típica em Richmond

Depois de andar por Richmond voltei para Kew, almocei na casa de um senhor e uma senhora bastante simpáticos. Ela é professora de inglês, então, a todo momento ela dava umas “reguladas” na minha forma de falar. E foram muitas! Meu inglês está muito ruim, sem contar com o sotaque inglês que perdi (se tive algum dia! (risos)). Foi um almoço típico inglês, eles foram tão simpáticos ao ponto de falar “- Não temos o feijão brasileiro, mas você vai gostar da nossa comida”. Repito: onde os ingleses são chatos?!

Em uma típica casa inglesa (o cachorro é de verdade!)
Aproveitei a ocasião e perguntei ao senhor, que também falava Francês, como falaria algumas coisas básicas como: “-Licença”,”-Quanto custa?”,”-Desculpa” etc. (Pelo menos o básico). Ele me ofereceu um dicionário de bolso. O mais engraçado de tudo é que o dicionário é inglês – francês. Nesse caso eu teria que andar com os dois... o Inglês-Francês, Português-Inglês! Agradeci. Mas vou desenrolar ao vivo, com mímica, do jeito que der.

E continuo na minha programação para França. Amanhã vou pra Oxford Street comprar um mapa (lá é o local das compras!). Já fiquei sabendo que na terça, quando chego em Paris, estará acontecendo o 7 de setembro deles, então a cidade deverá está movimentada demais. Sem contar, é claro, que é o ano do Brasil na França, e eu com minha bandeira lá vou fazer história! (risos)

sábado, 11 de julho de 2009

Diário de Bordo (8) - Bem que eu poderia ir à Paris...

A programação de hoje seria praia numa cidade próxima daqui... seria. O céu estava nublado, frio, tive que ficar em casa. Mas o motivo justifica esse um dia enclausurado numa casa em Londres...

Decidi! Vou pra Paris!

Não vim preparado. Não comprei guia, não sei falar francês. Mas como diria um dos meus cantores preferidos... “tolice é viver a vida assim, sem aventuras” (risos!) Mas a aventura tem que também ser programada, então foi que fiz hoje, pesquisas.

Comecei comprando a passagem. Embora as coisas aqui sejam muito "próximas", elas custam. Eu, como um “iniciante financeiro” tenho que ajustar bem, afinal a pior aventura que poderia existir é voltar ao Brasil sem dinheiro para pagar as contas. Pensando nisso fui às escolhas.

Meu único planejamento...

Passagem de ônibus de ida e volta. Londres para França saindo da estação Victória (aquela que dá no Palácio da Rainha Elizabeth), metade do preço de avião. Hospedagem? Albergue. Do que mais é preciso que um banheiro pra tomar banho e uma cama pra cochilar? Vou na segunda a noite dormindo no busão, chego em Paris pela manhã. Pernoitarei terça, quarta e quinta. Volto pra Londres na sexta. O busão sairá às 23 horas da sexta e chegará em Londres no sábado.

Como foi em cima da hora não consegui as três noites no mesmo albergue. Então serão 3 albergues. Tem um que tem uma cervejaria dentro. Devo ter muita história pra contar depois. Caso, é claro, eu seja o sóbrio dessas histórias! (risos)

Resumo do dia: Google, Google, Google... contatos, e-mails, leituras, mapas entre outras coisas mais. Preciso ter pelo menos uma noção de onde irei parar!

Paris... aí vou eu! E seja o que Deus quiser!

Diário de Bordo (7) - Esperando a noite chegar...


Hoje eu tirei o dia pra fotografar a noite de Londres e tentar conseguir fotos legais. Mas aqui o dia começa a escurecer às 21:30 mais ou menos. O dia é bem mais longo que no Brasil. Mas como objetivo é objetivo, e esse só dependia de mim, eu tinha que procurar o que fazer nessas mais de 13 horas que ficaria no centro da cidade. Mas, tratando-se de Londres isso não é nada difícil.

Comecei meu dia na estação Victoria, essa daí dá no Palácio de Buckingham. Li no meu guia que a troca de guarda acontece às 11 horas e eu tinha pouco tempo pra chegar lá.

Lotadas estavam todas as ruas que dão acesso ao Palácio. Gente, gente... parecia Olinda em época de carnaval, só que nesses caso, não era fantasia que a turma estava vestindo, embora parecesse, mas a roupa do seu país de origem. E eu, vestido como um brasileiro que sou, tentava pacientemente um local pra fotografar aqueles “soldadinhos de chumbo” de Elizabeth que não havia visto no dia anterior.

Foram umas 30 fotos, para apenas 5 valer. Tinha mão de turista, tinha cabeça, menos os “soldadinhos de chumbo” de Elizabeth! (risos). Inúmeras vezes eu tinha que levantar a câmera pra ver se captava alguma coisa, afinal com 1,68 m eu sou baixinho em qualquer lugar do mundo.

Depois de sair daquela lata de sardinha humana segui rumo ao Big Ben, novamente, para conseguir as fotos que a bateria, ontem, não me deixou. O sol hoje estava legal, o céu também. Eis que surge o jardim paralelo ao Rio Tâmisa. Não resisti. Deitei na grama. Liguei meu mp3 que tocou “Viva La Vida”, de Cold Play. Devo ter repetido essa música umas 10 vezes. Essa foi a trilha oficial da viagem, embora tenha feito uma seleção de Bealtes, Stones, Oásis... É de arrepiar!

Segui rumo ao Lamberth Palace. Trata-se de primeira biblioteca pública da Inglaterra, tem um estilo medieval, muito bonito. Enquanto seguia para o London Aquarium vi do outro lado toda a estrutura do Big e do Parlamento. “Eu tenho que tirar uma foto daqui, mas quem poderia me ajudar?” Não, não foi o Chapolin Colorado (esse deveria estar no México), foi um fotógrafo inglês que estava com sua mega câmera! Depois de dar as coordenadas ele tirou umas 5 fotos. A especialidade desse inglês é tirar fotos apenas em preto e branco. Discutimos a dramaticidade da foto preto e branco frente à colorida (eu... filosofando em Londres! (risos)).


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A foto do fotógrafo. Ao fundo, o Parlamento e o Big Ben


Andei por vários lugares, tirei várias fotos... Foram do London Aquarium, Dalí Universe, British Airways London Eye, Jubille Gardens, Royal Festival Hall, Royal National Theatre, Gabriel’s Wharf, Oxo Tower, Tate Modern até que cheguei no Millennium Bridge, uma ponte bem moderna que foi construída em 2000. A primeira ponte apenas para pedestre sobre o rio Tâmisa, esta deu na St Paul’s Cathedral.

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 Millennium Bridge


Depois dessa grande caminhada fiz o trajeto de volta ao London Aquarium. Afinal a noite iria demorar a chegar. Sento no banco. Ao meu lado senta um casal de Japonês falando daquele jeito que só eles sabem. “Essa é a hora de me comunicar com um Japonês sem falar Japonês”, pensei eu (muito louco!). Enfim, eles estudam numa universidade que fica a uma hora e meia de Londres, estavam lá para curtir a cidade etc.

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Criança contemplando rio...


Na minha espera para o dia escurecer ainda conversei com um Americano que estava de férias também. Conversamos sobre como é a diferença do inglês britânico e do americano. Falei que era parecido com o português de Portugal e o português do Brasil. Foi ele quem me disse que a luz do Big Ben acendia às 21 horas. E o dia ainda estava claro.

Quando finalmente começa a escurecer chegam dois italianos, um falava italiano e inglês, o outro italiano e "portunhol". Como eu não falava italiano eu tinha que variar entre o Português e o Inglês numa mesma conversa! E o mais engraçado de tudo era quando eu não sabia uma palavra em inglês, falava em português pra um, este traduzia pro italiano pro outro amigo, e este outro amigo falava em inglês. (risos).

O dia finalmente escurece. Eram 22 horas. Eu precisava adiantar as fotos. O metrô funciona até a zero hora e eu não poderia ficar ao relento.

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London Eye à noite



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Movimento na noite de Londres próximo a estação

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Diário de Bordo (6) - A bateria da câmera acaba na segunda foto do dia.

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Família curtindo uma tarde no Kew Royal Park

Hoje o dia foi um dos mais bonitos até agora. O céu estava azulzinho, o sol estava brilhando. Sai de casa feliz. Afinal o dia renderia boas fotografias. Parti rumo ao Big Ben, o ponto de onde havia parado no dia anterior. Achei que ficaria legal o reflexo do sol naquela estrutura dourada e ao fundo o céu azul. Dei dois cliques. Eis que a máquina para de funcionar. O que seria? Isso mesmo. A bateria acabou!

Imaginem minha angústia ver um dia fantástico, de sol, céu azul, e eu sem a máquina?

O sol parecia que brilhava cada vez mais. O céu parecia que ficava cada vez mais azul. Comecei a ver várias máquinas iguais a minha com os turistas. Nunca vi tanta Nikon pendurada no pescoço dos outros como vi nessa hora. Para cada lado eu imaginava uma foto. Não só uma foto, mas a melhor foto de toda a viagem, a que poderia ter fotografado naquele momento. Mas o que fazer agora?

Respirei fundo. Continuei minha caminhada. Eu tinha que fazer daquele dia um dos mais interessantes mesmo sem minha companheira.

Vi muitas pessoas entrando no sede do parlamento inglês. Pensei: "- Talvez essa seja a minha chance de ver como funciona a política na Inglaterra". Perguntei como poderia entrar. Depois de passar por uma série de revistas, algumas medidas de segurança (para o parlamento, claro) entrei no recinto. O que me confortava é que ficava bem claro que não poderia fotografar. Acredito que se a câmera tivesse funcionando eu iria usar a mesma técnica de espionagem da academia de arte. Mas não pensei nisso. Eu não queria era ver o céu e o sol!

Passei uns 30 minutos esperando ter lugar na platéia. Enquanto isso conversei com um americano que era assistente judiciário em Washington D.C. Quando falei que era do Brasil, Pernambuco, Recife, ele me falou que tinha uma amiga em Washington que os pais dela moravam em Recife. Conversa vai, vem e chega a hora de entrar na sessão.
Muito bonito o parlamento desde a sua entrada (algo de estrutura gótica) até a sala onde acontecem as discussões. É uma mistura de antigo com o moderno. Difícil de explicar. O que eu gostei realmente de presenciar foi a reação do público diante dos posicionamentos tanto do governo quanto da oposição. Hora riam, hora murmuravam. E numa educação que eu nunca vi. Era o líder pedir calma que todos se calavam (igualzinho ao Brasil).

Saí do parlamento. Passei uns 30 minutos. O mesmo tempo para entrar. Eles falavam muito rápido não deu pra entender muita coisa. Passei esse tempo contemplando a estrutura e as reações, estas são universais.

Continuei minha caminhada, vale lembrar... sem máquina. Rumo ao centro, mesmo local onde já havia passado. Foi um conforto pra não ter que ter vontade de fotografar já que as fotos já estavam em casa. Fui a uma loja, do tipo C&A comprar uma camisa com o nome LONDON.

Kew Royal Park
Voltei pra casa muito cedo. Mas tinha um plano B.

Coloquei minha bateria pra carregar, respondi meus e-mail, acessei a net (pra ganhar tempo). Máquina ok, fui para o Kew Royal Park andando. Eu estou no bairro chamado Kew Garden e bem próximo tem um local onde há vários espaços com espécie de plantas de todo o mundo. Li que é patrimônio da humanidade desde 2004. Fui conferir o que havia lá.

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Espécie de vitória régia no Kew Royal Park


Verde, verde, muito verde, o que renderam fotos muito boas. Seja da senhora contemplando a natureza, seja das crianças brincando, seja dos animais interagindo. No parque estava acontecendo uma festa em comemoração aos 125 anos do parque. Uma banda estava tocando Beatles e haviam várias barracas que vendiam de comida à produtos da copa da África do Sul.

Hoje não só ganhei fotos legais como a experiência da improvisação. Quando tudo parecia está perdido... encontrei uma alternativa.
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