sexta-feira, 24 de julho de 2009

Diário de Bordo (21) - O que ficou de uma aventura (além de fotos).


Eu!
Deixo a Europa com a sensação de dever cumprido. Com a sensação de realização. Saio mais forte, mais fortalecido pro dia-a-dia da vida no Brasil. Chego com mais força para realizar o que quer que seja. Sejam projetos pessoais ou profissionais.

Vivi um fotógrafo em cenários reais. Vivi um jovem aventureiro em países desconhecidos – e sobrevivi a todos os imprevistos. (Eu acredito em Deus!)

Vi e conheci gente de vários lugares do mundo. Tive amigo de infância, primo, tio, tia, avó nem que tenha sido por instantes, segundos. Vivi experiências que me fizeram crescer e que vão preencher várias páginas da minha história.

Aprendi que um sorriso é traduzido instantaneamente pra qualquer idioma. Aprendi que apesar das diferenças sócio-culturais somos realmente todos iguais. Buscamos por um bom trabalho, por uma boa família, por uma boa viagem, por amizades verdadeiras, qualquer motivo que seja para chegar à felicidade.

Aprendi, acima de tudo, que o futuro, se a gente quiser de verdade... pode ser hoje!

Epitáfio – Titãs (Adaptado)
Adaptação: Eu mesmo!

Amei mais (a vida)
Chorei mais (ouvido Viva La vida deitado num gramado totalmente verde e vendo um céu totalmente azul)
Vi o sol nascer (e nascia cedo, muito cedo)
Arisquei mais (Caindo em países totalmente desconhecidos, apenas com um mapa!)
Errei mais (lendo mapa errado e pegando ruas opostas à direção)
Eu fiz o que queria fazer... (Saí de mochila, com minha máquina pelos dois países mais interessantes da Europa)

Aceitei
As pessoas como elas são (Cada um com sua cultura, com seu estilo, com sua visão da vida. Quem sou eu pra dizer o que é certo ou errado?)
Cada um sabe alegria (eu bem sei)
E a dor que traz no coração... (aí eu já não sei)

O acaso vai me proteger (e me protegeu e muito!)
Enquanto eu andar distraído (Não só distraído, mas deslubrado com tudo que via)
O acaso vai me proteger (e me protegeu ainda mais!)
Enquanto eu andar... (e eu andei bastante! Se meu tênis falasse...)

Compliquei menos (Sem inglês fluente, se complicasse mais ficaria parado!)
Trabalhei menos (eu estava de férias ora pois!)
Vi o sol se pôr (e se pôs muito tarde, mas foi fantástico!)
Me importei menos
Com problemas pequenos (Nem com os grandes me importei, imagina com os pequenos?)
Só ainda não morri de amor... (E nem vou morrer. Para amar é necessário está bem vivo!)

Aceitei
A vida como ela é ( e de férias é ainda mais fácil de aceitar.)
A cada um cabe alegrias (cabe mesmo)
E a tristeza que vier... (vem e a gente arruma outra coisa pra ela não se instalar!)

O acaso vai me proteger (muito, ainda mais e mais.)
Enquanto eu andar distraído (Eu ficava bem atento em certas horas!)
O acaso vai me proteger (Não foi o acaso, foi Deus mesmo!)
Enquanto eu andar...(2x)

Diário de Bordo (20) - Aventura até na volta pra casa.

Chego à estação. Pego o metrô para o aeroporto de Heathrow. E quando parecia que as aventuras tinham tido um fim, o metrô quebra. “O que foi isso?”, pensei. Vejo todos os passageiros saindo de mala em direção à saída. Não sabia para aonde eles estavam indo. Segui. “Devem estar indo ao aeroporto”, pensei. Afinal, todos estavam com malas de viagem.

Na dúvida resolvi perguntar “Para aonde estamos indo?”, uma senhora informa que todos estão em busca de um ônibus para ir ao aeroporto. Nem ela, nem ninguém sabia qual seria o ônibus necessário. Em seguida recebemos um papel com o nome de todos os ônibus. Pegamos um. Não parou por aí. Foram três ao final.

A cada parada, incertezas. “Será que estamos indo em direção ao caminho certo?”, é levantada a questão. Dentre uma parada e outra surgem moradores locais que nos orientam nessa caminhada rumo a Heathrow. E o tempo passa. A hora do check-in chega e nada do aeroporto surgir.

Entre um ônibus e outro, caminhada. Sigo eu minhas três malas. À frente a senhora que me adotou como neto por aqueles minutos. Estavam ela e o marido, ambos dos Estados Unidos. Repetidas vezes a vi conferindo se eu ainda estava lá trás. Eu tinha uma única orientação: o papel que estava com ela.

Chegamos ao aeroporto. Falta pouco tempo para o check-in finalizar. Agradeço a minha “vó do busão” e corro como um atleta de 100 metros rasos. A respiração fica ofegante, começo a suar. Corro as esteiras rolantes pedindo licença, desculpa e às vezes nem era necessário, o barulho do carrinho de bagagem já falava o quanto de pressa vinha alguém atrás.

Chego ao terminal 1 conforme estava escrito na minha passagem. Peço informação. “- Onde é o balcão da TAP?” "-Terminal 2", responde um funcionário do aeroporto. “-Sério?”, pergunto novamente. “-Pelo menos é o que está aqui no papel”, responde o funcionário. Eu havia descido do ônibus no terminal 2, teria sido em vão todo meu esforço?

Chego no terminal 2 mais ofegante que nunca. Suado, cansado de tanto trocar as malas de carrinho em carrinho, de subir escada rolante, de correr na esteira rolante. Faço a mesma pergunta a outro recepcionista. “Onde é o balcção da TAP?”. “-Senhor, é no terminal 1”, responde a recepcionista. “O que? Meu Deus eu não acredito! Você ta falando sério? Vim de lá agora. Ajude-me! Vou perder meu vôo!”, falei num tom de desespero e mais ofegante que nunca!

Depois de receber todas as coordenadas dessa recepcionista e receber um “-Boa sorte!” segui rumo ao terminal 1. Era tudo ou nada. Corri. Desta vez não como um atleta de 100, mas de 50 metros rasos. Era minha última chance de não perder o vôo.

Chego ao terminal 1. Vejo que uma gama de opções são oferecidas. Descubro que o número dois que me foi mostrado da primeira vez não era do terminal e sim do andar. Não tenho tempo de consertar quem me deu a informação errada. É hora de correr ainda mais e achar o balcão naquele mundo de lugar!

Acho o balcão da TAP. Furo fila pra não perder meu vôo. Chego na “lâmina” do tempo. Já não via mais o relógio. A angústia iria aumentar e eu precisava de energia pra chegar em tempo. Precisava de disposição.

Consigo! Entro no avião!

A visão da janela. O sol indo embora e eu também.
Chego em Portugal. Por que eles são tão mal humorados? “- Moça, conexão para o Brasil, aonde vou?”, pergunto. “- O Brasil é muito grande!”, responde. Era difícil trocar por “- Para qual estado você vai?”. Eu não faço ponte aérea Brasil-Portugal diariamente para saber que saem vários vôos para o Brasil a partir de um único avião, como esse que veio de Londres.

Passo no Free shopping. Vejo uma mulher parada. Tenho dúvidas. “-Você trabalha aqui?”, perguntei. “- É o que parece”, respondeu a moça. “- Desculpa, eu iria pedir ajuda, mas desisti agora”, falei. “-Eu estava a brincar”, falou a moça num tom nada amigável. “- Eu procuro o que eu quero só, obrigado”.

Seria TPM nesses dois casos ou seria o jeito português de ser? É uma dúvida que tirarei apenas quando visitar esse país. Da lista, agora, é o último.

Chego ao Brasil. Fim da Viagem. Hora de me readaptar a realidade local e viver as aventuras locais. O que não dá, obviamente, para escrevê-las. Trabalho, estudo, esporte, amigos, família... uma infinidade de coisas que fazem a gente ser o que é, e talvez por isso são difíceis de descrever. Agora só em outras férias. Quando? Pra onde? Ainda é uma incógnita!
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