Entrada do Louvre |
Oba! Hoje foi dia de café da manhã no hostel. Pão francês, o autêntico, com manteiga e suco de laranja. Que maravilha! Hoje começo o dia de mala nas costas. Meu ônibus está marcado pras 23 horas. O que fazer durante todo dia com essa carga?
Ontem passei rápido pelo museu do Louvre, foi apenas a parte externa. Fiz algumas fotos, lembrei do filme O código Da Vinci e vi os turistas deslumbrados com aquelas pirâmides de vidro. Decidi, ali mesmo, entrar no museu no dia seguinte. Foi o que fiz.
Compro meu ingresso. Sou revistado. Subo em direção a entrada propriamente dita. “-Não pode entrar de bolsa”, escuto. “-Sim... e o que faço?”, peguntei.”-Ali tem um porta malas, deixe sua mala lá e em seguida está liberado para entrar”, respondeu a recepcionista. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Não tinha um hostel para acomodar minha mala, mas tinha o Louvre.
Diante do Louvre por onde começar? A Monalisa. Não só eu, mas todos os turistas estavam indo em direção ao famoso quadro. Aliviei o passo. A Monalisa não deveria sair do museu nos próximos 100 anos. Escuto uma voz em português falando... era uma excursão do Brasil. Foi muita sorte. Aula de arte na minha língua.
Segui o grupo como um hospedeiro. Quando seguiam para direita, eu seguia também. Quando seguiam para esquerda, seguia junto... quando paravam, eu ficava parado olhando o teto mas com o ouvido naquele pequeno grupo, atento a cada história, a cada subjetividade das obras. Oportunidade única!
Tudo sairia perfeito se próximo ao final, minha garrafa de água, com 500 ml, de acrílico, caí e quebra no local mais movimentado do Louvre. Todos olham. “Não acredito!” (risos). Não tinha o que fazer a não ser ver a água se espalhando em cada pisada dos visitantes.
O grupo vai embora. O Louvre tinha muito mais para se descobrir. Só viajando sozinho para ter todo esse tempo, sem estresse, sem demora. Sigo caminho, afinal minha mala está bem guardada e eu tenho até as 23 horas pra pegar meu ônibus de volta pra Londres.
Sigo para a rodoviária. Eram 19 horas. Eu ainda tinha 4 horas em Paris, mas sem energia pra ir a lugar algum.
E pra passar o tempo surge um Venezuelano, que mora na França, fala Português e estava indo encontrar a namorada em Londres. Aí o tempo passou rápido. Ele não só sabia cantar o “Bonde do Tigrão”, sem nunca ter ido ao Brasil, como sabia todos os xingamentos em português. Rimos muito! Até aprendi uns em inglês. (risos).
Típica garota francesa esperando o tempo passar... |
O ônibus desse meu mais novo amigo sairia às 21, o meu às 23. “- Passar todo esse tempo sem nada pra fazer ?", falei. Eis que surge a idéia de tentar uma transferência de passagem também para às 21. A desculpa foi porque que iríamos encontrar nossa família em Londres! (risos). Desculpa aceita, partimos no mesmo ônibus.
É chegada a hora de descer para imigração. Não sabia o endereço que estava em Londres, não tinha levado minha passagem de volta pro Brasil, estava com pouco dinheiro. E agora? "Não conseguirei passar para Londres?", foi o que pensei. Vejo um jovem com passaporte brasileiro. “- Me ajuda aqui”, falei. “-Não sei o endereço da casa que ficarei em Londres, o que faço?”, perguntei. “- Usa o endereço desse hotel”, ele me deu o endereço do hotel que ele ira ficar. “-Mas se pedirem a reserva do hotel para comprovar?”, perguntei nervoso.”-Eu também não tenho a reserva”, ele respondeu. “-Então se ficar, fica nós dois aqui!”, completei! (risos)
Foi mais difícil que passar pela imigração da ida direto pra Londres. Depois de várias perguntas sobre minha vida, o que eu vou fazer em Londres, o que faço no Brasil ele carimbou meu passaporte. Por pouco, muito pouco não entro em Londres novamente.
Sigo na cansativa viagem. Chego num dia frio em Londres.